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A NATUREZA COMPETITIVA DA PLASTICIDADE

Atualizado: 31 de dez. de 2024


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Há uma interminável guerra de nervos (neurônios) acontecendo dentro do cérebro de cada um. Se pararmos de exercitar nossas habilidades mentais, não só esquecemos delas: o espaço no mapa cerebral é entregue as habilidades que praticamos. Se você se perguntar, "com que frequência devo praticar francês, violão, ou matemática para me manter afiado"?, você estará fazendo uma pergunta sobre plasticidade competitiva. Estará se perguntando com que frequência deve praticar uma atividade para se assegurar de que o espaço no mapa cerebral não seja perdido para outro.


A plasticidade competitiva em adultos explica até mesmo algumas de nossas limitações. Pense na dificuldade que a maioria dos adultos tem em aprender um segundo idioma. Atualmente, a visão convencional é de que a dificuldade existe porque terminou o período crítico para aprendizagem de idiomas (até o início da puberdade), deixando-nos com um cérebro rígido demais para mudar sua estrutura em larga escala. Mas a descoberta da plasticidade competitiva sugere que é mais do que isso. À medida que envelhecemos, mais usamos nossa língua materna e mais ela passa a dominar nosso mapa linguístico. É também por nosso cérebro ser plástico e por causa da plasticidade competitiva, que é tão difícil aprender um novo idioma e dar um fim a tirania da língua materna.


Mas por que, se isto é verdade, é mais fácil aprender um segundo idioma quanto somos jovens? Não há competição nessa época também? Na verdade não. Se dois idiomas são aprendidos ao mesmo tempo, durante o período crítico, os dois se consolidam. Os estudos de neuroimagem, segundo Michael Merzenich, mostram que numa criança bilíngue todos os sons relativos aos dois idiomas dividem um único mapa grande, uma biblioteca cerebral de sons relativos nos dois idiomas.


A plasticidade competitiva também explica por que é tão difícil romper ou desaprender nossos maus hábitos. A maioria de nós acha que o cérebro é um recipiente e que aprender e colocar alguma coisa nele. Quando tentamos romper um hábito ruim, pensamos que a solução é colocar alguma coisa nova no recipiente. Mas quanto aprendemos um hábito ruim, ele assume um mapa no cérebro e, a cada vês que o repetimos, ele é reivindica mais controle do mapa e impede que os bons hábitos façam uso desse mapa. É por isso que "desaprender" costuma ser muito mais difícil do que aprender, e por isso a educação no início da infância é tão importante, é melhor acertar cedo, antes que o hábito ruim consiga uma vantagem competitiva.



Fonte: O cerébro que se tranforma

Autor: Norman Doidge

 
 
 

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